-
Arquitetos: Przemek Olczyk / Mobius Architekci
- Área: 580 m²
- Ano: 2019
-
Fotografias:Paweł Ulatowski
Descrição enviada pela equipe de projeto. Em meio a vasta paisagem da Vármia-Musúria, no extremo norte da Polônia, esta casa solitária parece fundir-se na planura do terreno, desaparecendo ou incorporando-se à ele. As características físicas e climáticas severas, características desta região setentrional do país, levaram Przemek Olczyk - arquiteto e sócio fundador do escritório polonês de arquitetura Mobius - a conceber um projeto introspectivo, utilizando estratégias passivas e formais para aproximar arquitetura e paisagem.
O terreno onde a casa está implantada e do qual o edifício ocupa apenas uma pequena parcela, possui uma pequena e abrupta diferença de nível. Esta interferência natural em meio a uma paisagem completamente plana, foi o ponto de partida para a implantação do projeto. Como que incrustada nesta leve ascendente, a estrutura da casa se conforma a partir de uma laje de concreto armado de 90 cm de espessura, a qual dá continuidade a geografia do terreno para formar um telhado, ou cobertura jardim, de duas águas. É como se o arquiteto tivesse redesenhado a própria topografia com uma delicada linha, construindo uma arquitetura que parece derivar naturalmente da superfície do terreno. A massiva laje de concreto, apoiada sobre um conjunto independente de pilares, define e configura os espaços da casa; a área social no térreo e os espaços íntimos no pavimento superior. A descontinuidade aparente entre os diferentes níveis da casa, atravessada pela geografia do terreno que dá forma ao telhado do edifício, nos dá a impressão de que arquitetura e paisagem nasceram como uma coisa só, desdobrando-se para dar forma aos espaços interiores e exteriores.
Esta manipulação hábil, tanto da arquitetura quanto da paisagem, faz com que a escala da casa - com seus mais de 500 metros quadrados - se dissolva no terreno. Escadarias externas à céu aberto, mais comuns em edifícios públicos do que em residências unifamiliares, adicionam um detalhe interessante à um projeto tão inacessível e ao mesmo tempo, tão exposto. Devido aos fortes ventos nesta região da Vármia-Masúria, o projeto conta com robustas esquadrias de vidro que proporcionam a proteção necessária sem abrir mão da transparência.
No miolo da casa, um átrio interno potencializa a sensação de privacidade. Dependendo da ocasião, grandes cortinas podem ser utilizadas para controlar a abertura do edifício. No limite sudoeste do terreno, o ângulo saliente da casa - completamente envidraçado - proporciona vistas ininterruptas para a paisagem à sudoeste e com isso, garante a ampla iluminação natural dos espaços interiores.
Assim como na maioria dos projetos desenvolvidos pelo Mobius, a arquitetura é informada pela percepção do espaço desde dentro do edifício; é como se os projetos fossem criados de dentro pra fora. Esta é a principal característica formal da casa Green Line, que, como enfatizado por Olczyk, além de ser pensada para o usuário, também agrega valor à paisagem.
O layout do edifício em forma de "L", por sua vez, reproduz a organização tradicional dos típicos edifícios agrícolas da Vármia-Masúria. As fachadas - predominantemente de vidro - são complementadas com revestimentos de alumínio e cerâmica. Na lateral do volume sobressalente, um brise de madeira foi incorporado para proteger os espaços internos da incidência direta dos raios de sol, e além disso, fazem referência às típicas empenas das casas de madeira da região, frequentemente revestidas com tábuas e ripados que marcam linhas verticais na fachada. A forma do telhado, com uma inclinação de 45 graus, também faz referência à arquitetura vernacular polonesa.
Atravessando o grande plano do telhado jardim, uma claraboia divide assimetricamente a superfície inclinada da cobertura, abrindo os espaços da casa e criando novas relações entre o interior e o exterior. Boa parte da cobertura encontra-se coberta por um jardim, com apenas os balanços da laje que circundam o átrio da casa em concreto aparente como uma pista da natureza moderna de sua arquitetura.
